Robôs humanos (Por Mariana)
Redação escrita para a prova de Língua Portuguesa 2, em que o tema era consumismo na pós modernidade. Enjoy ;)
Robôs humanos
Assim que o primeiro ser humano pôs seus pés no mundo, surgiu a cultura. Esta se manifesta de diferentes formas de acordo com o período histórico vigente, influenciada por fatores externos como ideologias, guerras e desenvolvimento tecnológico.
Nos primórdios da sociedade, os homens das cavernas já desenhavam e escreviam nas paredes, os impérios latino-americanos construíam monumentos e os senhores feudais eram entretidos com bobos da corte e recitais poéticos. Os monarcas gregos e romanos enfeitavam seus palácios com estátuas de ouro e referências mitológicas.
Mais recentemente, nos séculos XVIII e XIX, a miscelânea de personalidades unidas pela Revolução Industrial trouxe à população bazares de atrações populares, folhetins e peças teatrais. A maior parte do século XX teve sua cultura marcada pelas guerras mundiais, ditaduras militares e protestos. Uma série de bandas surgiu, escritores despontaram, obras de arte foram pintadas. E após a década de 80? Uma cultura estagnada e vazia.
A cultura pós moderna, direcionada pelo capitalismo, é manipulada pelas mídias, que detêm o poder. Os indivíduos são bombardeados diariamente com anúncios publicitários e promessas de uma vida espetacularizada. As informações são manejadas para incitar o consumo, formando pessoas individualistas e egocêntricas, que compram impulsivamente para esquecerem de suas dramáticas vidas ou simplesmente para estarem na moda.
Mas será que os indivíduos são tão cegos? Será que a cultura de massa é assim tão pobre de conteúdo? A cultura de massa, embora ilusória, é uma solução eficaz para esquecer dos problemas cotidianos, e há quem trace uma linha tênue entre ela e a cultura erudita. Além do mais, se a cultura de massa fosse tão vazia, por que a camada mais intelectual e endinheirada da população estaria entre seus consumidores?
O fato é que houve uma destruição dos valores morais e a sociedade não tem mais em que se apoiar senão em si mesma. A igreja perdeu fiéis. Os políticos, credibilidade. Ninguém vê mais na instituição familiar seu porto seguro.
Se a cultura levou um tombo tão grande em apenas trinta anos, o que esperar do futuro? Com as desgraças ecológicas, o perigo nuclear e as crises econômicas, acreditar no apocalipse é plausível, agora esperar sentado por sua visita é conformismo demais. Se a cultura é a identidade do povo, como o século XXI será lembrado na história? Como o século em que as máquinas dominaram os seres humanos? Ou como o século em que os gananciosos seres humanos dominaram e condenaram a si próprios?
Mariana Duré
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