Trivialmente Surreal (Por Mariana)

Texto sobre a arte moderna escrito no dia 15/4 para uma prova de literatura da Unesp.

Trivialmente Surreal

A arte moderna surgiu no século XX e logo em seu início já revolucionou drasticamente o conceito de arte vertente do realismo, visto que criticava tudo o que era objetivo e propunha a expressão através do relativo, surreal.

Na pintura, a modernidade é percebida pela extinção do relato, dos objetos e das formas precisas do mundo empírico. Cria-se uma supervalorização do abstrato, ultrapassando a realidade. Correntes como o surrealismo, o expressionismo e o cubismo são símbolos da pintura moderna.

No teatro, observamos a substituição do Palco a Italiana, que possuía o formato de caixa, criando a ilusão de um porta-retrato, uma moldura, por um palco semelhante às arenas, o qual proporcionava constante dinamismo ao espetáculo, interação entre a platéia e os artistas. Observamos a quebra do conceito de espaço.

O romance contemporâneo tem como marco inicial a Semana da Arte Moderna, em 1922, e vê seu trajeto repleto de manifestos, nacionalismos e em alguns casos uma mescla de outras culturas, como no Manifesto Antropofágico proposto por Oswald de Andrade e acatado pela maioria dos escritores da época. A imagem idealizada da poesia também sofre distorções, assim como a melodia musical.

Em analogia à destruição teatral do que se entendia por espaço, no romance moderno o que desmantela-se é a noção de tempo. A cronologia até então existente nas narrativas dá lugar a uma nova ordem temporal na qual o leitor se perde em um redemoinho de passado, presente e futuro, não assim organizados. E com esta ruptura, mais uma definição é desmascarada: a lei da causalidade. Não há mais causa e efeito, pois o efeito pode ser apresentado ao leitor antes mesmo da causa. Procurou-se também extinguir o abismo existente entre narrador e personagem, dando mais credibilidade às emoções deste.

Embasando tudo isso, pressupõe-se a existência de um Zeitgeist espírito unificador que interliga todas as vertentes artísticas. A arte moderna não foi criada para impressionar, ser bonita ou parnasiana. Tal forma de expressão é apenas uma busca pelo mítico, um anseio em desvendar o mundo além da realidade até então compreendida pelo senso comum. Em outras palavras é uma fascinante alternativa para fugir da criatividade enrustida, do bucólico e entediante nexo da sociedade, sem contexto, sem expressão e sem vida. 

Mariana Duré